'' Á - V I D A - D Ú - A N T O
N I O V I C E N T E - Ê - S U A - M U L
H E R ''
----- VERSOS - SERTANEJOS - ESCRITOS - POR -----
----- '' Z E Z É '' G O N Ç A L V E S
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+ÔI*SAUDOSO+ANTONIO VICENTE+*EM*VIDA*FOI*MEU*AMIGÃO*Ê*FOMOS TROPEIROS*
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1
Quando Agente-Sente-Aquele Faro Dá-Saudade Batendo Forte
Ná-Caixa do Peito-
É Dê-Alguma coisa Lá-Do Passado Quê-Foi Bom ou Ruim ali
Está-Sê-Lembrando.
Ê-Daí
Agente Vai-É-Sentindo um Tremendo Sufoco Quê-Até-Fica meio sem Jeito-
Porquê-Recordações provoca Saudade Ê-Quê-Tal-Bendito Tempo Vai-Arrastando?
Ê-Dê- Tudo aquilo Quê-Tal-Dia Sê-Passou Vem-Ná-Memória Sem-Menos
Esperar-
Sempre acontecem Com-Velhos Amigos Quê-Tivemos, naquele Tempo
Já-Passado.
Boa Mente Faz Lembrar Dê-Coisa-Maravilhosa? Ê-Com-Alguém,
Eu-Fui Trabalhar-
Essa Digna Pessoa teve Seu-Final Foi Triste, Doido, Melancólico,
Ê-Desagradado?
2
Nessa Composição Eu-Desejo Relatar ''Á Vida Dú-Antonio
Vicente, Ê Sua Mulher''-
Naquela Grandiosa Fazenda Dú-Paiol Velho? Eu-Com esse Homem Fomos
Tropeiro.
Antonio Vicente, era um Morenão-Fortão-Trabalhador Bão-Serviço Fazia qual Quer-
Ele Sempre Foi-Muito estimado? Dú-Seu-Patrão-Meu-Avô Foi-Grandão-Fazendeiro?
Nú-Bairro Paiol Velho, quando Nós-Dois Trabalhavam com Tropa,
naquela Fazenda-
Para Minha própria Pessoa, Antonio Vicente-Comentou diversas,
Sua Perversidade.
Montante Dê-Coisas Terríveis Quê-Ele dedicou, Eu guardei na Minha
Cuca Genda-
Isso foi Quando-Ele era Moço Novo-Certamente não pensava
Ná-Tal-Dê-Realidade?
3
Quando-Antonio Vicente, Veio Prá-Paiol Velho, Tal-Estabelecer
Sua Digna Morada-
Ele Já-Demonstrava numa Avançada-Idade meio Madurão-Mais era
Homem Fortão.
Antonio Vicente, Prá-Pegar peso Ele Lá-Possuia-Energia-Humana
Não-Comparada-
Dizia-Ele Gostava-Dê-Beber Uma-Boa-Cachaça? Daí Dava-Uma-Dê-Bão-Valentão?
Nós muito Tempão-Trabalhamos Juntos-Sempre foi um Personagem,
Boa-Amizade-
Ali dento do Setor Dá-Grande Fazenda Não-Desagradou Patrão-Nem
Lá-Ú Vizinho.
Á-Sua Digna Mulher Dona Maria Vicente-Era Parteira entendia,
nessa Necessidade-
Diversas Mulheres classe Nobre Em-Sua Mão-Nasceu-Frutos,
Humano Nenenzinho?
4
Meu-Primeiro Filhão-Dá-Minha Maria, Amada dedicou cuidado
Nasceu-Á-Sua-Mão-
Seu-Nome dessa Importante Senhora-Ela era muito Conhecida, Dona
Maria Vicente.
Mulher Possuía-Coração-Generoso Atendia-Gestante Gratuita Ê-Sem Descriminação-
Naquele Bairro Paiol Velho, á Maria Vicente, Sê-Viveu-Pouco,
Faleceu-Num Repente?
Tal-Digníssimo Bão-Casal-Não-Produziu? Famíliares, Antonio
Vicente Ficou Sozinho-
Ê-Daí Lhê-Começando Seu Tristonho Martírio-Saiu Perambulando-Com
Sofrimento.
Antonio Vicente, Demonstrava obter Perdido Lá-Sua Memória, Andando-Á-Caminho-
Lamentando bastante uma Ausência Dê-Alguém sempre Falando-Ná-Vós
Dê-Vento?
5
Antonio Vicente, Ná-Sua mocidade com Saúde Ê-Dizia Ele-Las Praticou
Travessuras-
Dizia-Ele-Quê-Certo Dia-Noutra Morada Fez, dois Cegos Brigar
Prá-Dividir Á-Esmola.
Olha só Lá-Sua malvadeza não depositou nada Prá-Ninguém
daquelas Duas Criaturas-
Fazia-Briga Batia-Nas Mulheres Dá-Zona? Ê-Ficava preso Igual Passarinho
Ná-Gaiola?
Dizia-Ele Quê-Lá-Praticou Maldade Dolorosa, com diversas
Mulheres Dá-Prostituição-
Também abusava Bastante Dá-Sua Força Física, Fez muitos
Policiais Rolar Ná-Poeira.
Disse Antonio Vicente, Ele Fazendo Cerca Dê-Arame Velho
arrancou Olho Dú-Patrão-
Hora Quê-Esticava Arame? atrais Dú-Mourão-Coisas Dê-Arrepiar
monstruosa Asneira?
6
Todas Suas estapafúrdia maldade Quê-Dedicava-Nesse Tempo Morava-Noutro
Lugar-
Ê-Morando-Ná-Fazenda Paiol Velho? Sempre foi Demonstrando-Homem
Acomodado.
Com toda Colônia fez uma Sadia Amizade Eu Ná-Casa Dele muitas
Vezes fui Passear-
Sua modesta Casinha Pau Á-Pc Barreada Ele, com Á-Mulher ê
Agente-Lá-Hospedado?
Antonio Vicente-Demonstrava-Confiança
Homem Alegre Tocava-Viola, Bem Divertido-
Ali naquela Fazenda satisfazia Seu Patrão-Nunca enjeitou lá
qual quer Durão-Trabalho.
Sempre Assumiu Todos Seus Compromissos-Confirmou Digno Homem,
Correspondido-
Nunca Afobou-No serviço Quê-Executou-Dê-Tudo sabia fazer
verdadeiro quebra Galho?
7
Um certo Dia Meu-Avô Seu-Patrão-Cons Camaradas Trabalhando
Ná-Baixa do Rancho-
Certo momento encontra uma Tora Pau Grossão-Cerne de Taiúva
no fundo Dá-Pedreira.
Patrão-Chama os camaradas todos Recusaram-Antonio Vicente,
disse Não-Tem-Gancho-
Vocês levanta Tora-Em-Pé-Desse Á-Meu Ombro Levarei
Até-Á-Fazenda, Lá-Ná-Porteira?
Foi longa distancia carregando essa Tora-Quê-Serviu
Prá-Mourão Dá-Porteira-Dú Curral-
Antonio Vicente, Fez Tudo Dê-Bom Enquanto? Sua Mulher Viveu, Depois Á-Viúvo Ficou.
Dessa data daí Á-Sua Vida Ná-Fazenda Paiol Velho Transformou-bastante sentindo Mal-
Dessa data daí Á-Sua Vida Ná-Fazenda Paiol Velho Transformou-bastante sentindo Mal-
Pouco Tempo Morou-Ná-Fazenda-Matão-Ê Sumiu Dá-Povoação-Endereço
Não-Deixou?
8
Tempo foi passando depressa paradeiro Do-Antonio Vicente,
Ninguém dava Informação-
Seu-Desaparecimento Dá-Noite pro Dia-Sumiu-Ninguém? Viu-Meu-Amigo
Companheiro.
Um certo Dia-Eu-Fui fazer alguma Compra Naquela-Cidade de
Itajubá-Grande Povoação-
Eu-Meio despercebido Caminhando-Naquela-Rua movimentada, Igual-Atual-Formigueiro?
Quando-Eu-Tava ali Atravessando-Aquele Pontilhão-Sobre Monumental-Riu
do Sapucaí-
Quê-Tem-Ligação-Ê-Acesso Com-Centro Cidade Com-Passagem
Quem-Vai ao Mercado.
Eu-Não-Imaginava no Meu-Sentido Dá-Minha Pessoa foi surpresa,
quando enxerguei Ali-
Ná-Ponta daquela passarela Meu-Velho Amigo, Antonio
Vicente, Ele-Ali estava Sentado?
9
Eu-Aproximando Daquele-Homem Quê Permanecia Com-Sua
cabeça abaixa ao Chão-
Ele Sentado-Com-Perna-Encolhida entre Suas-Duas-Pernas-Tava-Com-Velho Chapéu.
Pouco Amassado-Tava-Com-Sua-Boca Prá-Cima? Assegurado-Lá-Numa-Dá-Sua-Mão-
Ú-Chapéu estava pedir Uma-Proteção-Daquele nosso Bão-Deus Onipotente Dú-Céu?
Ú-Chapéu estava pedir Uma-Proteção-Daquele nosso Bão-Deus Onipotente Dú-Céu?
Ele-Ao Mê-Ver disse Ai-Ai? doida Saudade Nós dois Ê-Aquela Tropa Quê-Trabalhava-
Deixei Dá-Roça Lá-Tinha-Á-Saúde Ê-Nada não Lhê-Interrompia,
Eu-Tinha-Mocidade.
Eu Perdí-Á-Companheira Mí-Sinto falta Dela? encontro
Dificuldade-Coisa anda Brava-
Lá-Ná-Fazenda era diferente Povo-Conhecido agora Aquí-Tudo Estranho-Ná-Cidade?
10
Conversando-Ele Alí-Mê-Falou-Aonde Encontro Lhê-Vou-Dependendo-Dê-Mão-Amiga-
Embaixo dú Sol quente Não-Posso Trabalhar quando Vou-Embora Tou-Bem Cansado.
Á-Vida Arruinou-Ê-Muito depois Quê-Fiquei Sozinho Eu-Mendigo
Prá-Encher Á-Barriga-
Tudo-Quê-Tenho Enfrentado é mais Pior Dê-Quando Eu-Lá-Ná-Roça Trabalhei-Pesado?
Tudo-Quê-Era Bão Morreu-Meu-Prazer? Tudo-Dê-Mal Quê-Pratiquei, Pai
Mê-Perdoa-
Á-Vida nesse Mundão Somente Á-Fantasia Agora Vejo Realidade? Á-Mim Esclareceu.
Eu-Dei contribuição Prú-Seu-Chapéu, Soluçando-Agradeceu-Ê-Fala Você-Gente Boa-
Eu-Despedi Dú-Amigão-Apertando-Sua Mão-Ê-Ficou Falando-Atoa-Tal Pobre-Pessoa-
''Á-Vida
Dú-Antonio Vicente Ê-Sua
Mulher'' Relatei-Lá-Eu-Deixei-Ú-Pobre, Amigo Meu?
----- F I M - A N O - 1. 9 6 1 - '' Z E Z É '' G O N Ç A L V E S -----
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