[ A L V O R A D A – D E – L U T O ]
--- VERSOS SERTANEJOS – ESCRITOS POR ---
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Z E Z É ‘’ G O N Ç A L V E S ---
'FORMIGUEIRA-PICADEIRA'*CANARINHO-AMARELINHO''
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1
Naquele Meu quintal um Certo-Dia
era Bem, de Tardinha-
Assim Bem Logo Depois Que-Sol
no poente se Escondeu.
Todo Dia era costumeiro Á-Não
deixar, esse Habito Meu-
Fechava porta do
Meu-Ranchinho essa Minha Moradinha.
Eu saia em passos
Lentos-Passeando, ali naquele Arredor-
Ôlá Linda tarde Contemplando-Fruto duma Mãe Natureza.
No Silencio ao morrer Do-Dia,
vai acalmando que Beleza-
Aquela Brisa Suavemente-Aparece,
com despedir do Sol?
2
Foi numa daquelas Tardes-Eu
cheguei, á senti muito Mal-
Vocês não vai nem Calcular-Desse
Meu, tristonho Relato.
No Meu Peito uma
Coisa-Estranha, comecei sentir de Fato-
Daquela surpresa
Encontrada-No Recinto do Meu Quintal.
Com aquele terrível
Episodio-Me causando profunda Dor-
Minha Mente Transformou-Mi Machucou-Triste
Coração.
Meus Olhos fui Arregalando-Í
Enxergando-Naquele Chão-
Completamente Tombado-Morto
Estorricado-Com Calor?
3
Naquele Meu Arvoredo Quase-Todo
coberto em Ramada-
Entre Folhas ali estava
Meio-Misturado com tanta Poeira.
Aquele médio Passarinho-Conhecido
tal Sabiá Laranjeira-
Cancioneiro Sertanejo
Que-Despertava, ali toda Alvorada.
Com o Seu pobre Corpinho-Estava
sendo todo Despenado-
Aquele mutirão de Grandes-Pequenas,
Famintas Formigas.
Conduzindo pra dentro
Da-Terra Alimentos pras Barrigas-
Retalhando pobre Cantor-Sabiá,
que seria todo Devorado?
4
Acabei sentindo comovido
Com-Todo judiar ali Praticado-
Com Minhas Próprias Mãos-Agarrei,
aquele pobre Cantor.
O Seu miserável Corpinho-Em
ferida, por Elas sem Amor-
De Pedacinho em
Pedacinho-Pobre Sabiá seria Carregado.
Com toda Minha Compaixão-Fui
demonstrando Solidário-
Dentro dessa Minha Moringa-No
acontecido, Imaginando.
Ôlá Sua Lindíssima Melodia-Não
estava mais ali Escutando-
Seu Bonito Cantar
Naquela-Tarde muitas vezes ê Solitário?
5
Ú que Eu podia fazer Pro-Passarinho
prestei o Sentimento-
Bastante-Condolente-Cavei-Uma,
profunda Cova Eu Abri.
Com Amor Carinhosamente-Seu
Corpo, na Terra Encobri-
Evitando uma maior
Crueldade-Eu fiz, Seu Sepultamento.
Depois que Realizei Ato-Simbólico
pro Sabiá Cancioneiro-
Voltei pro Meu Ranchinho-Essa
Minha, Modesta Mansão.
Ali Vou Feliz Contemplando-Á
Linda, Amável Imensidão-
Sabiá Mê-Alegrava-Ê-Matava-Saudade Dê-Amor Primeiro?
6
No Meu Leito a Dormir-Acabei,
acomodando certa Hora-
Alvorada daquele Amanhecer-Fiquei
alerto, Aguardando.
Madrugada foi Despedindo-Um
novo, Dia foi Clareando-
Não ouvi mais Cantor Sabiá-No
Rompimento, da Aurora.
Era Ele mesmo Pobre Cantor-Sabiá,
que Vinha Acordar-
Essa Minha Noite
Solitária-Acabou, sendo Mal Dormida.
Tal Morto Sabiá quando Vivo-Me,
Alegrava Minha Vida-
Á-Onda do Vento Transmitia-Melodia-Prá-Me Despertar?
7
Agora tudo está bem
Diferente-Parece que o Meu Arvoredo-
Entristeceu não Tem-Tal
Sabiá-Não Vem-Alegrá-Alvorada.
Agora só faz Agente Aborrecer-Faltando
á Mulher Amada-
Ambiente-Totalmente-Emudecido-Foi
alegria Manhã Cedo.
Nossa Vida tem
Dessas-Coisas não podem é Desmoronar-
Apesar-De Mim Levar-Um-Viver
Triste Solitário Absoluto.
Mãe Natureza Vai
Sentindo-Diária á tal [Alvorada de Luto]-
Morreu tal Cancioneiro Sabiá-Nunca
mais Vem Prá-Cantar.
Pobre Passarinho-Cantava Alegrinho-Ê Obteve Triste Finar?
---FIM–ANO–1.950–“ZEZÉ’’ GONÇALVES---
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